11/08/2008

Texto de Pedro Mestre editado no "Diário do Alentejo", 8 Agosto 2008




Um mestre da viola campaniça

Era uma vez uma pequena povoação chamada Aldeia Nova, onde, nos anos 60, existiam sete tocadores de viola campaniça. Ali, por haver tantos tocadores ou por haver muita mocidade, cantava-se muito bem, "armando-se balhos" e festas todos os domingos e dias santos. Durante o Verão, as festas decorriam na rua, nomeadamente aquelas que eram consagradas a S. João, Santa Isabel, S. Pedro e Santa Maria, altura em que se erguiam mastros e se convivia e dançava em seu redor. No Inverno recorria-se a casas amplas, às vezes arrecadações, e todas as semanas decorriam "bailaricos" e "cantorias", quase sempre acompanhados ao som da campaniça.

As "moças" cantavam muito bem, frequentemente sozinhas, fazendo a polifonia tradicional do cante alentejano. Ali, a tradição tinha uma regra fixa: o alto (terceira voz superior à melodia) era cantado apenas por uma só voz, masculina ou feminina. De resto, imperava a liberdade e conveniência do momento: tanto cantavam sozinhas as mulheres, como os homens, ou todos em conjunto. Não havia fainas agrícolas em que não se ouvisse cantar e os tempos de lazer eram invariavelmente ocupados a cantar e a bailar.

Um dia tudo terminou abruptamente: em 1971, a Aldeia Nova desapareceu sob as águas da barragem do Monte da Rocha, inaugurada nesse ano, e os seus habitantes tiveram que se instalar em povoações próximas. Natural da Aldeia Nova, residente em Ourique-Gare, Francisco António, conhecido por Chico Bailão, foi o mestre que me passou o saber da arte de dedilhar a viola campaniça. Durante as aulas, que decorriam aos domingos à tarde em sua casa, o mestre contava-me todos os bons momentos vividos na sua pequena aldeia aquando da mocidade, uma moda atrás da outra. A cada aula que passava, percebia-se a alegria do mestre em ensinar-me a sua arte, que trazia do seu pai e que poderia continuar viva, mesmo sem a sua presença.

Dedico todas estas palavras, numa forma de agradecimento, ao grande mestre Chico Bailão e ao seu sobrinho Manuel Bento.




Pedro Mestre na Única- Expresso, 9 Agosto 2008


"Cresci a ouvir um programa na Rádio Castrense em que as pessoas participam, cantando as modas tradicionais e dizendo poesia, e eu telefonava e cantava em directo, à capela, aqueles temas que eu ouvia a minha mãe ou os homens na tasca a cantar. O mestre Manuel Bento, que nós consideramos o mestre dos mestres, é desse tempo em que a viola campaniça era peça fundamental das tascas. Uma tasca tinha de ter uma viola, para poder acompanhar os cantos de improviso, também chamados «cantos de despique». O despique é uma desgarrada, com uma melodia, e uma rima, e regras próprias. O ponto é uma palavra da rima, com que todas as outras quadras têm de rimar. Quando algum dos cantores diz uma palavra que já foi repetida na rima, isso chama-se «pisar o ponto». Quem pisa o ponto sai da roda e tem de pagar cinco litros de vinho. Os cantares ao despique falam de tudo, da satisfação de estar juntos, da vida dura do campo, da velhice, da morte, da actualidade, dos problemas do país. Às vezes há contendas pessoais que se resolvem ao despique. Uma vez, numa aldeia, houve um pai que tinha desprezado o filho, e quando o filho já era homem, encontravam-se na taberna e cantavam ao despique. A viola campaniça tem uma cintura muito acentuada, muito delicada, que forma um oito, e uma sonoridade muito doce, e característica. Tem cordas em aço, por vezes em latão, é dedilhada com o polegar da mão direita e ponteada segundo uma técnica que é diferente de todos os outros instrumentos. Nós costumamos dizer que a campaniça é uma voz que se junta às outras vozes, porque ela canta a melodia do princípio ao fim. A campaniça tomou conta da minha vida. Toco todos os dias, várias horas. Fundei corais, ajudei a criar uma escola-oficina em Castro Verde, tenho um programa de campaniça para as escolas do 1.º ciclo. Fui já várias vezes ao Brasil, a encontros de violas em que juntamos a campaniça com a viola caipira, que têm as mesmas origens. No Brasil eles também têm repentistas. Gostava que os instrumentos tradicionais portugueses fossem ensinados nos conservatórios, a campaniça, a braguesa, a beiroa.... Talvez seja por haver pouca coisa escrita, poucas partituras. Alguns miúdos acham que a música tradicional é uma coisa de velhos, sem interesse para eles. Mas eu acho que se eles não se interessam é porque ninguém lhes mostra.


Pedro Mestre editou «Encontro de Violas - Viola Campaniça e Viola Caipira», um disco que resulta do intercâmbio entre tocadores de viola campaniça e viola caipira, que irá ser apresentado no próximo dia 13 de Agosto, em Aljustrel"

29/05/2008

Grupo de Música Tradicional Alentejana "Rastolhice"













Pedro Mestre - Viola Campaniça e Voz
António Caturra - Tracanholas e Voz
Armando Torrão - Viola Baixo e Voz
João Cataluna - Acordeon e Voz


Contactos:


Pedro Mestre - 969415729/286935050

João Cataluna - 962766339

28/05/2008

Pedro Mestre e Chico Lobo UFMG Belo Horizonte/Brasil 2007


Projeto "Uma Tarde no Campus"apresenta encontro internacional de violas
quarta-feira, 29 de agosto de 2007, às 11h01
O Encontro Internacional de Violas é atração de amanhã, dia 30, com entrada franca, no projeto Uma tarde no Campus, na praça de serviços, a partir das 17h30. Os violeiros Chico Lobo e Pedro Mestre fazem show de lançamento do CD Encontro de Violas, gravado em Portugal.
Natural de São João Del Rey, Chico Lobo é violeiro e compositor. Ele toca viola caipira desde os 14 anos e é considerado um dos mais ativos violeiros no processo de popularização da tradição musical do cenário brasileiro. Chico tem vários CDs gravados e tem em seu currículo shows pelo Brasil e exterior.
ReencontroPedro Miguel Carolina Mestre é pesquisador, construtor e tocador de viola campaniça. Nasceu em Portugal e desde cedo despertou seu interesse pela música alentejana (originária da região do Alentejo, em Portugal). Seu primeiro contato com a viola campaniça aconteceu através do rádio, paixão que lhe foi ensinada pelo tocador Francisco Antonio. Mais tarde, com o tocador e construtor de violas Amílcar Silva, aprendeu a construir o instrumento.
O primeiro trabalho conjunto entre os violeiros se deu em 2006, no III Encontro de Culturas na cidade de Serpa, em Portugal, onde consolidou-se a parceria entre os artistas. Em 2007 Chico Lobo retornou ao país lusitano e, ao lado de Pedro Mestre, se apresentou em várias cidades. Nesse retorno nasceu o CD Encontro de Violas.
Chico define o resultado da gravação como um reencontro entre mãe e filha. "A viola caipira é filha da viola campaniça. Têmuma ligação umbilical. A caipira deixa de ser órfã e a campaniça ganha novo sentido’’, diz. O projeto Uma Tarde no Campus é uma promoção da Diretoria de Ação Cultural (DAC) em parceria com a Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC).
(Foto de Teotônio Roque, Serpa)

Sons e Arte. Viola Campaniça -Um Artigo de Rosa Dias


Com o título em epígrafe, recebemos da nossa associada Rosa Guerreiro Dias um artigo interessantíssimo, acerca de um património ímpar, que merece leitura atenta:"A viola popular portuguesa chegou até aos nossos dias sob várias formas e denominações: Braguesa, Ramaldeira, Amarantina, Toeira, de Arame da terra, e no Sul do País, Campaniça.Descendente da viola barroca, a viola popular portuguesa, chega a nós com cinco cordas duplas.No Baixo Alentejo tomou o nome característico de Viola Campaniça.A origem do nome vem, inquestionavelmente, da sua radicação na zona do Campo Branco, geograficamente situada na região que compreende os concelhos de Aljustrel, Ourique, Castro Verde, Almodôvar, indo até parte do concelho de Odemira.Na primeira metade da década de 1980 foi feita uma investigação sobre a viola campaniça. Aquando de sua fase exploratória verificou-se que os tocadores deste instrumento já estavam todos numa idade muito avançada, como são os casos de Manuel Bento (Funcheira) e Francisco António (Ourique Gare).Nos finais da década de 1990, gera-se um movimento de renascimento e entusiasmo em torno da Viola Campaniça, surgindo jovens tocadores do instrumento, entre os quais Pedro Mestre, de quem passo agora a falar.
HISTÓRIAS REAISEsta história vem “à balha”, no modo de se dizer no nosso Alentejo, porque tive o privilégio de conhecer um jovem, de nome Pedro Mestre, cuja história me encantou! Pedro nasceu na Aldeia da Sete, concelho de Castro Verde, onde ainda reside.Desde o berço que o som da Viola Campaniça e o cante o acompanham, pois sua mãe, mulher de boa voz, cantava e encantava, não só a todos quantos a ouviam, como a seu menino que cresceu com o cante e o som da viola na alma.Aos dez anos Pedro Mestre entrou para o coral infantil “Os carapinhas”. Aos doze anos aprendeu a tocar Viola Campaniça com o mestre Francisco António, mais conhecido por Chico Bailão, homem possuidor de um dom musical genuíno que se notava logo que abraçava a Viola Campaniça e a fazia vibrar para encanto de quem o ouvia. Entre tais lá estava o pequeno Pedro, sempre presente nestas manifestações musicais.Passa mais um ano sobre a vida do jovem e aos treze anos entra no coral masculino “Os Ganhões”.Não passou despercebida a ninguém a capacidade e o empenho que ele punha nesta sua preferência musical. Passado mais um ano assumiu o cargo de Mestre Ensaiador do mesmo grupo.Em 2001 fundou dois grupos corais da Freguesia de Santa Barbara de Padrões: Grupo Coral Etnográfico “Os Cardadores” e Grupo Etnográfico “As papoilas”, sendo também Mestre Ensaiador dos mesmos.Pedro Mestre é conhecido em todo o Alentejo e além fronteiras, como sendo parte do património português, o que lhe traz grande orgulho e também uma grande responsabilidade.A prova está na constante divulgação que ele faz desta arte musical, que lhe foi transmitida por homens do saber, os seus mestres.Em 2002 assume o lugar do seu Mestre Chico Bailão, dando assim continuidade ao Grupo de Violas Campaniças de Castro Verde, no qual fica tocando ao lado do mestre Manuel Bento.A paixão de Pedro por este instrumento musical leva-o a dedicar-se à sua construção, arte que depressa aprende ao lado do artesão Amílcar Silva, que lhe transmite o seu saber e faz do jovem mais um artesão da Viola Campaniça.Em 2003 fundou na Aldeia da Sete a associação de Cante Alentejano “Os Cardadores”, com o objectivo de preservar usos e costumes do Concelho de Castro Verde.Nesse mesmo ano e em 2004 foi formador na Escola / Oficina de Violas Campaniças, dinamizada pela Cortiçol – Cooperativa de Informação e Cultura de Castro Verde.Em 2007 teve participação especial no espectáculo multicultural “O homem que à terra canta”, no “ IV Encontro de Culturas de Serpa”, que reuniu artistas de Portugal, Brasil, Espanha e Cabo Verde.No mesmo ano lançou, ao lado do violeiro de São João Del Rei, Minas Gerais, Brasil, Chico Lobo, o cd “Encontro de Violas - Viola Campaniça e Viola Caipira”, trabalho inédito que demonstra bem como duas culturas podem interagir e, neste caso, pelas cordas de Violas.Neste momento é animador de música tradicional e cante Alentejano nas escolas do 1º ciclo do ensino básico do concelho de Almodôvar no âmbito das actividades extracurriculares promulgadas pelo Ministério da Educação em parceria com as autarquias locais.Iniciou esta actividade no ano lectivo de 2006/2007.Pedro Mestre já editou vários trabalhos discográficos com Grupos Corais, dos quais é mestre e mantém actualmente a tradição do toque da Viola Campaniça.O País enriqueceu e os campos do nosso Alentejo perderam a tristeza e a solidão, pois este menino feito homem vai espalhando sons harmoniosos dum cante musicado que lhe sai da alma.Percorre o País e o estrangeiro. Ainda no ano de 2007 esteve em digressão pelo longínquo Brasil, onde foi grande sucesso ao lado de Chico Lobo.O seu trabalho com a Viola Campaniça é apresentado em três formas: uma, com o “Grupo de Violas Campaniças”, acompanhado por vozes femininas; outra acompanha improvisadores do cante de despique e baldão; outra apresenta modas campaniças a solo, acompanhado por outros instrumentos (Viola ritmo, Viola baixo e Percussão).Há quem diga que só pode saber muito quem muito viva. Pois bem, esta história verídica contradiz este dizer: Pedro Mestre é ainda um jovem de vinte e poucos anos, bem no início da vida, e já nos conta tanta vivência!Como se dará este fenómeno?Só vejo uma explicação: Pedro Mestre é mestre na arte e a arte dum Mestre não tem idade, apenas contém saber.Fico feliz por partilhar convosco o que sei, de alguns valores que conheço e que fazem parte do património português.Desta vez o valor em questão chama-se ”Pedro Mestre”.


a aldraba
" ASSOCIAÇÃO DO ESPAÇO E PATRIMÓNIO POPULAR"


Sons e Arte. Viola Campaniça - Um Artigo de Rosa Dias

"Encontro de Violas" Brasil 2007




LANÇAMENTO INÉDITO NO MUNDO - CD “ENCONTRO DE VIOLAS”
VIOLA BRASILEIRA DE CHICO LOBO - VIOLA PORTUGUESA DE PEDRO MESTRE

O encontro entre os violeiros Chico Lobo (Brasil) e Pedro Mestre (Portugal) aconteceu (pela primeira vez), no ano de 2006 em Portugal na cidade de Serpa no III Encontro de Culturas 2006, onde Chico Lobo foi convidado para representar o Brasil. Na ocasião Chico Lobo convidou ao palco o jovem violeiro português, Pedro Mestre, para uma participação especial. No mesmo ano o artista tornou a convidá-lo, só que dessa vez, para vir ao Brasil. A fim dele se apresentar, ao seu lado, no encerramento do projeto “Viola Popular” - patrocinado pela Natura Musical. O show aconteceu no Teatro Alterosa em Belo Horizonte (MG). Juntos, também fizeram outras apresentações por algumas cidades do interior de Minas. São João Del Rei - eleita capital brasileira da cultura de 2007, teve a honra de ser a cidade onde se iniciou essa pequena turnê de Pedro Mestre ao lado de Chico Lobo, filho da terra. Eles passaram também por Santana dos Montes e Pouso Alegre. Cada apresentação foi, sem dúvida, uma oportunidade histórica que marcou o encontro emocionante da viola caipira brasileira de Chico Lobo, com a viola campaniça portuguesa de Pedro Mestre.

Nesse ano de 2007 Chico Lobo foi convidado para se apresentar ao lado de Pedro Mestre no IV Encontro de Culturas de Serpa em Portugal. E em retribuição ao artista mineiro Pedro Mestre o apresentou à entusiasmada platéia portuguesa Juntos realizaram shows por cidades, além de Serpa, como Évora, Almada, Castro Verde, Sete, Almodóvar, Feijó, todas na região do Alentejo, além de Portimão no Algarves.
Aproveitando a estadia de mais de 35 dias em terras lusitanas Chico Lobo e Pedro Mestre resolveram registrar em CD esse “Encontro de Violas” numa Co-produção Portugal / Brasil entre a ACA - Associação de Cante Alentejano os Cardadores e a Viola Brasil Produções.
Como diz o jornalista português João Matias:
“Esse Cd é o resultado desta intensa relação entre duas culturas populares cimentadas na amizade dos dois artistas. Foi idealizado em Sete, a aldeia de vasta planície do conselho de Castro Verde onde vive Pedro Mestre e que acolheu Chico Lobo no seu cotidiano de trabalho, celebração, preocupações e festas. Lado a lado com os homens e mulheres que cultivam a terra e escavam as minas, com as crianças que estudam e brincam, com os velhos que contam histórias antigas, os dois músicos trabalharam no seu disco”.
“Encontro de Violas” é o registro inédito do (re) encontro entre as culturas portuguesas e brasileiras pelas cordas das violas. O CD mostra como é possível aos homens entenderem-se e de que modo a Cultura serve para o desenvolvimento dos povos. “Encontro de Violas” não é a soma da viola caipira de Chico Lobo com a viola campaniça de Pedro Mestre, é a união entre dois povos”.


Esse momento sagrado, de encontro cultural das violas do Brasil e Portugal, tornou-se oficial. Conscientes do papel que juntos podem desempenhar na preservação, divulgação e valorização das culturas que se interligam pelas cordas da viola, Chico Lobo e Pedro Mestre decidiram mostrar como é possível nos tempos de hoje levar ao palco e ao CD uma amizade além-mar, que tem no solo da tradição os seus alicerces e o desejo de que as atuais gerações não fiquem privadas desse conhecimento.

Chico Lobo
Chico Lobo é violeiro, compositor, natural de São João Del Rei, toca viola caipira desde os 14 anos. A crítica o considera um dos mais ativos e efetivos violeiros no processo de popularização da tradição musical do cenário brasileiro. Consciente do seu importante papel no universo da viola caipira, o artista domina o palco com presença e comunicação ímpares. É (sobretudo), um apaixonado pela cultura de sua terra. Foi nomeado Embaixador do Divino Espírito Santo (Festa folclórica de São João Del Rei) e Guarda Coroa de Santo Antônio (Congado / MG). E assim, com a viola na mão, canta as folias, os congados, os catiras, as modas, as suas raízes. Profissional inquieto, Chico Lobo já lançou vários CDs. Seu CD de estréia, “No Braço Dessa Viola”, foi finalista ao Prêmio Sharp 97 – o que despertou o interesse da imprensa sobre seu trabalho. Destaca-se ainda a participação de Chico Lobo no CD “Cantoria Brasileira” - o qual marcou a comemoração dos 25 anos da gravadora Kuarup –, indicado ao Grammy Latino. Seu primeiro DVD, “Viola Popular Brasileira”, é pioneiro no gênero artístico da viola no Brasil. Sua carreira já o levou a inúmeros palcos do Brasil e do mundo. Sempre atento em descobrir novos valores e contribuir assim para a divulgação de novos artistas, Chico Lobo idealizou e apresenta a 04 anos o Programa de TV “Viola Brasil”. Além de manter coluna fixa na Revista Viola Caipira. Suas músicas e toques de viola tem sido utilizados em diversos programas de TV e novelas como “América” da Rede Globo e “Bicho do mato” da Record. Chico Lobo é considerado um violeiro de estirpe, mestre das notas choradas e um compositor que cria obras que destroem qualquer preconceito musical. Em 2007 foi o Diretor Musical do espetáculo multicultural, “O Homem que À Terra Canta”, no IV Encontro de Culturas de Serpa (Portugal), que reuniu artistas de Portugal, Brasil, Espanha e Cabo Verde.

Pedro Mestre
Pedro Miguel Carolina Mestre nasceu em Monte Sete, no conselho de Castro Verde, em Portugal. é Pesquisador, construtor e tocador de viola campaniça, nasceu no Monte Sete, do conselho de Castro Verde em Portugal. Tanto o pai quanto a mãe trabalhavam no campo. E o seu interesse pela música alentejana manifestou-se desde muito cedo. Por isso, fez parte do grupo coral infantil “Os Carapinhas”, de Castro Verde. Era ouvinte assíduo do programa de rádio “O Patrimônio” da Rádio Castrense - que transmitia com regularidade intérpretes de viola campaniça - que ele adorava ouvir. A paixão pelo instrumento cresceu após vários encontros com os tocadores Manuel Bento e Francisco Antônio. Com Francisco Antônio aprendeu a tocar em sua casa, na Estação de Ourique. E aprendeu tocar porque se sentiu atraído pelo som desta singular viola que tão bem se conjuga com as formas alentejanas de cantar e que correu o risco de extinção por falta de tocadores. Adquiriu uma campaniça das mãos de Amílcar Silva, importante construtor de violas e tocador, com quem aprendeu a construir. Em 2001, foi fundador de dois grupos corais, os Cardadores e as Papoilas, sendo também o mestre ensaiador dos mesmos. Em 2003, fundou a Associação de Cante Alentejano Os Cardadores, com o objetivo de preservar os usos e costumes do concelho de Castro Verde. Nesse ano e em 2004 foi formador na Escola / Oficina de Violas Campaniças de Castro Verde. Hoje, Pedro Mestre, é um ótimo executante da viola campaniça além de se dedicar à sua construção e a ao ensino de sua cultura. Ele é um dos “Mestres” da nova geração que pode garantir a continuidade do instrumento em terras alentejanas.
Pedro Mestre já editou vários trabalhos de grupos corais, dos quais é Mestre e mantém atualmente como ninguém a tradição do toque da viola campaniça, efetuando espetáculos por todo o país e no estrangeiro.
Contato: Ângela Lopes - produção executivaTel:31-3459 8026 Cel:9954 6580 E-mail: violabrasil@terra.com.br /


Pedro Mestre - 969415729 / 286935050 pedromestre@gmail.com

Entrevista Viola+Caípira, Minas Gerais/Brasil

Pedro Mestre, Tocador e Luthier d'Além Mar.

Pedro Mestre (23) é natural daquele país, da cidade de Castro Verde, região do Alentejo.

Aprendeu a tocar e a construir a viola campaniça com os últimos mestres (ainda) vivos. Hoje recai sobre os seus ombros a responsabilidade de divulgar, de manter viva a cultura da viola campaniça quase extinta. E encontrá-lo fez nascer em mim uma provocação muito grande: trazê-lo ao Brasil. Desejava que o público brasileiro pudesse ter a oportunidade de ouvir e entender um pouco da história da viola campaniça, a viola do campo de Portugal, a viola mãe de todas as outras.

E isso ocorreu, mais cedo do que imaginava. Foram 10 dias maravilhosos, de uma convivência harmoniosa e de uma troca riquíssima de experiências culturais. Nos apresentamos juntos nas cidades de Belo Horizonte, Santana dos Montes, Pouso Alegre e São João Del Rei, sempre com casa lotada e com grande destaque na imprensa local.Abaixo - em caráter exclusivo -, para os amigos da Revista Viola Caipira, um breve bate-papo com Pedro Mestre:

Chico Lobo - Pedro Mestre, fale um pouco da tradição da viola campaniça.

Pedro Mestre - Era o instrumento que acompanhava os cantos de improviso. Havia uma roda de improvisadores e um ou dois tocadores. Esses cantos de improviso tinham lugar nas feiras e romarias. A campaniça era também motivo de lazer. Todas as tabernas e vendas, tinham uma viola. Por vezes, o taberneiro também tocava. E a viola era só um motivo para chamar a clientela. Depois naqueles sítios, aldeias - que tinham mais população -, faziam bailes, dançavam e cantavam ouvindo as modas campaniças. Mas, depois tudo isso se perdeu, mantendo-se só os cantos de improviso que ainda hoje acontecem. Hoje a viola campaniça foi recuperada, pois esteve quase em extinção. E as modas que eram modas de baile, voltaram a ser cantadas por grupos de música tradicional.

CL - O que difere a viola campaniça do Alentejo das outras violas de Portugal?
PM - Em termos de nome era só chamada de “viola” no sul do país. Não havia outras...


Programa Património/Rádio Castrense

Apresentação do CD "encontro de Violas-Viola Campaniça e Viola Caipira, Pedro Mestre e Chico Lobo", no programa Património da Rádio Castrense, pelo locotor Drº José Francisco.



Segundo o jornalista, realizador/apresentador do Programa Vozes da Lusofonia - transmitido pela Rádio Antena 1 Lisboa, há 5 anos -, Edgar Canelas, "a nossa conversa (ficou linda!) vai para o ar neste domingo (dia 25/05/08), às 9 da manhã na Antena 1 (www.antena1.pt) e repete de terça-feira para quarta-feira (dia 28/05), depois das 2 da madrugada. Fica depois em podcast no sítio da net da Antena 1" (para quem quiser ouvir depois).




Sem dúvida foi um momento *muito (*bué) especial. No qual tivemos o grande prazer de sermos recebidos no estúdio da Antena 1 (um pouco antes de nosso embarque para Ilha da Madeira), pelo simpático e vibrante Edgar Canelas. Para um bate papo descontraído e agradável, no qual apresentamos aos seus ouvintes, o resultado da parceria lusobrasileira entre Pedro Mestre e Chico Lobo, registrado no CD "Encontro de Violas - Viola Campaniça e Viola Caipira". O qual vale a pena conferir (através do link indicado a cima).




Aproveitamos o espaço para mandar um grande abraço ao Edgar e ao Sr. José Antônio da técnica que nos receberam tão amavelmente. Pra vocês nossos sinceros (bué) obrigado. Valeu!

(Produtora Angela Lopes/Viola Brasil Produções)

"O homem que á terra canta"


Vozes, violas e guitarras inauguraram produção da "enRede"

"O homem que á terra canta"
Fundada no dia 9 de Junho de 2006 em Serpa, a "enRede" já deu frutos. O mais visível foi o espectáculo multicultural, estreado em 2007 na cidade fundadora, "O Homem que à Terra Canta – vozes, violas e guitarras".
Inspirado na relação do homem com a terra – relação de trabalho, de vida, de comunhão ecológica – o espectáculo baseou-se em instrumentos de cordas, tendo juntado sete tocadores de quatro países, dois percussionistas de Portugal e Espanha, as vozes de uma fadista portuguesa e de uma intérprete brasileira, uma bailarina espanhola e o grupo coral "Os Cantadores de Aldeia Nova de São Bento".
Inserido no IV Encontro de Culturas de Serpa foi produzido pela câmara anfitriã e teve a direcção artística do "violeiro caipira" brasileiro Chico Lobo que, juntamente com o serpense Armando Torrão, foi compondo originais, arranjando temas dos vários países, colocando as culturas em diálogo. O processo demorou semanas e foi ganhando forma à medida que os músicos iam chegando a Serpa. Quando espectáculo surgiu no palco da Praça da República de Serpa era já um grupo de amigos que se apresentava – a música juntara-os, a cultura mostrava como é possível os povos unirem-se. O público, que lotava a magnífica sala de visitas do município, para além de ter assistido a um espectáculo de grande qualidade, percebeu que entre as cordas daquelas violas de Cabo Verde, Portugal, Brasil e Espanha havia muitas coisas em comum – a terra que inspirara os sons era, apesar das fronteiras e mares que os separam, a mesma. A aposta estava ganha.
O espectáculo viajaria no final de 2007 para São João del Rei, membro brasileiro da "enRede" que nesse ano foi Capital Brasileira da Cultura, e a sua plateia reagiu da mesma maneira: aplaudiu a qualidade dos músicos, surpreendeu-se com a vozes alentejanas, emocionou-se com a amizade entre os artistas, no fundo experimentou esse conceito abstracto de fraternidade entre povos. Vila Nova de São Bento e Almodôvar foram os locais que, já neste mês, se encantaram com "O Homem que à Terra Canta".
O próxima realização colectiva será em Caminha – outro município fundador desta rede cultural – já com um espectáculo diferente.

O HOMEM QUE À TERRA CANTA
O primeiro espectáculo, apresentado a 7 de Junho, em Serpa, tinha os seguintes integrantes, muitos dos quais se mantiveram nas apresentações seguintes:
Chico Lobo – viola caipira (São João del Rei – Brasil)
Armando Torrão – guitarra portuguesa(Serpa)
Juan Ramirez – guitarra flamenca(Punta Umbria – Espanha)
Sérgio Figueira – guitarra clássica(São Vicente – Cabo Verde)
Paulo Henrique – violão(Itabira – Brasil)
Pedro Mestre – viola campaniça(Castro Verde – participação especial)
Norton Daiello – baixo eléctrico(Brasil – convidado)
Israel Carrasco – percussão(Punta Umbria – Espanha)
Luís Melgueira(Beja – convidado)
Fernanda Oliveira – voz(Serpa)
Renata Araújo – voz(Itabira – Brasil)
Ana Castilla – bailarina (Cortegana – Espanha)
Grupo Coral Os Cantadoresde Aldeia Nova de São Bento
Direcção geral
Rui Espiga (Câmara Municipal de Serpa)
Direcção artística
Chico Lobo(São João del Rei – Brasil)
Produção
Câmara Municipal de Serpa
23/05/2008 - 11h00
Rede Internacional de Municípios pela Cultura Experiência solidária de desenvolvimento global
O município de Serpa tem-se evidenciado por intensos e diversificados eventos culturais, em especial nas áreas do teatro e da música. Enquanto a companhia de teatro profissional Baal 17 e os amadores do Teatro Experimental de Pias têm sido responsáveis pela organização dos principais festivais de teatro – com particular relevo para as Noites na Nora – a câmara municipal é a promotora da quase totalidade dos espectáculos musicais. É habitual verem-se em Serpa não só os principais intérpretes nacionais mas também grandes nomes da música internacional, especialmente de expressão portuguesa. Cesária Évora, Elomar, Carlinhos Brown, Chico César, Tito Paris, Valdemar Bastos, entre muitos outros, apresentaram-se nos anos mais recentes e esta temporada ainda virão Gilberto Gil, Bonga e Lura, por exemplo. Mas, para além dos consagrados, o público de Serpa tem tido oportunidade de assistir a surpreendentes espectáculos de grupos pouco ou nada conhecidos dos portugueses, tais como os dançarinos peruanos do município de Ate, o grupo folclórico brasileiro de Minas Gerais, Tumbaitá, o "violeiro" Chico Lobo ou o músico Saldanha Rolim e muitos outros. Este numeroso contingente de artistas que não fazem parte dos grandes circuitos do show business, e que se estende também à poesia, artes plásticas, teatro, dança, constitui, aliás, a aposta mais inovadora do município, que pretende fazer da cultura o seu modelo de desenvolvimento.
A apresentação destes artistas, que proporciona espectáculos de qualidade e diversidade culturais, assenta, em boa medida, nas relações de amizade e cooperação que Serpa mantém com inúmeras cidades de diversas partes do Mundo. Os músicos, poetas e dançarinos são, acima de tudo, embaixadores dos seus municípios e das suas regiões, deslocando-se numa lógica de intercâmbio que dispensa o anfitrião, na maioria dos casos, do pagamento de cachets, limitando-se a oferecer a boa cama, mesa e simpatia característicos dos povos que gostam de receber.
Foi neste contexto de cooperação solidária, praticado pelo município há vários anos, que as relações entre as cidades se formalizaram, fundando-se, em Junho de 2006, em Serpa, a "enRede – Rede Internacional de Municípios pela Cultura". O acordo foi firmado por autoridades municipais de Portugal, Brasil, Espanha, Cabo Verde, Guatemala e Bulgária e já deu frutos.
23/05/2008 - 11h01
“enRede”
Os municípios que, a 9 de Junho de 2006, fundaram a Rede Internacional de Municípios pela Cultura foram os seguintes:
Portugal: Serpa, Beja, Vila Nova de Famalicão, Caminha e Palmela. Brasil: Itabira, Santa Bárbara, São João del Rei, Congonhas, Itabirito, Ouro Preto, Olinda e Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais. Espanha: Punta Umbria e Cortegana. Cabo Verde: São Vicente. Guatemala: Patzun e San Bartolomé de Milpas Altas. Bulgária: Pravets. No acto da fundação foi assinado uma carta de princípios, que tem como objectivo "criar formas eficazes e duradouras de sistematizar intercâmbios e parcerias capazes de enriquecer uma ideia global de que a cultura é veículo prioritário de desenvolvimento, de entendimento e de paz, assente no reforço de um imenso conjunto de acções locais". O documento pode ser consultado na íntegra no sítio da rede na internet, em http://www.enrede.org/.

(Diário do Alentejo 23 de Maio de 2008)

Encontro dos Mestres 2008

O cd "Encontro de Violas", foi lançado em Portugal com a presença dos mestres da Viola Campaniça e Viola Caipira! Srº Manuel Bento e Srº Nelson jacó. Em castro Verde e Almodôvar.

11/01/2008



Eu, com a minha Viola Campaniça, ao lado de mais um dos Grupos Corais que ensaio!

Grupo Coral Os Caldeireiros, de São João dos Caldeireiros/Mértola/ Alentejo

10/01/2008



Encontro de Violas - Viola Campaniça e Viola Caipira,

Pedro Mestre e Chico Lobo

São João del Rei 2006




Os Cantares da Meia-Noite, Pedro Mestre, Carlos Rosa e Toi Gonçalves, falta o Bia que estava a tirar a foto!

Cante ás Vozes

Os 4 ao Sul

José David, José Barros, Pedro Mestre e Rui Vaz.






Folclore Musical do Ciclo de Natal
Cante ao Menino Janeiras e Reis

De Norte a Sul de Portugal, ainda se ouvem cantos populares característicos do nosso Folclore Musical do Ciclo do Natal, nomeadamente o Deus-Menino, as “Janeiras” e os Reis, e que infelizmente tendem a desaparecer. Estes cantos populares são incontestavelmente, uma tradição antiquíssima e que, por isso, interessa muito a sua conservação.
Em traços gerais, os cantos populares referidos caracterizam-se por grupos de homens ou de mulheres com algumas crianças atrás que percorrem as ruas com paragens previamente escolhidas junto de certos portais, donde podiam trazer esmola em dinheiro ou em oferta comestível. Por vezes, eram convidados a entrar nas casas e punham-se à mesa, onde se servia aguardente aos homens e anis às mulheres com filhós e bolos a acompanhar.
O Deus-Menino é cantado na Noite de Natal, em que as pessoas vão cantar às portas canções cujo tema incide na recordação do nascimento de Jesus Cristo.
As “Janeiras” (dos três cantos populares o mais antigo), no seu início, era um canto pagão, sendo-lhe atribuída, por uns historiadores, a sua origem às Saturnais pagãs do calendário romano, enquanto que, por outros historiadores, é atribuída às festas comemorativas do começo do ano agrícola. No entanto, após a aceitação do Cristianismo pelo Império Romano, foi-lhe atribuída um novo significado: o Ano Novo no Cristianismo simboliza “o primeiro dia em que Deus passou tormentos”, ou seja, foi quando Jesus Cristo sofreu a circuncisão, em obediência às leis humanas. Por isso, é que as “Janeiras” são cantadas na noite de São Silvestre em alusão ao tema referido anteriormente.
O canto Os Reis é cantado na Noite de Reis. Nesta noite verifica-se novamente manifestações de alegria popular cantada às portas em tom dolente e grave. Os versos recordam a vinda dos Três Reis Magos, que vêem do Oriente para adorarem o Deus-Menino.




Grupo Violas Campaniças
Ilha dos Vidros

O chamamento da memória
Ouvir uma viola campaniça é responder a um chamamento. Não para o abismo ou desgraça mas para uma zona onde a paz de espírito envolve como crisálida tecida a doce e a tufos de penugem. As modas parecem vir lá do fundo libertando-se de amarras que as ligam às coisas perenes e belas como recordações de infância. É o chamamento da memória, dos amores passados à sombra dos seus trinados, das espirais de rodopios de mãos dadas, de corpos abraçados em comunhão. Ouvir a campaniça é lavrar um rego até ao horizonte das nossas sonoridades mais íntimas. As modas que acompanham são récitas a um tempo e a um espaço que continua a existir, porque queremos que exista. A Ilha dos Vidros pertence a um imaginário escorreito, ali, à mercê de um colectivo que morre todos os dias sem nada se saber da sua morte. Gente que atravessou a vida a pé mas que teve momentos de alegria e de amor, momentos de alegria e de amor, momentos de sorte e de azar. Venho da ilha dos vidros cantarola um almocreve atrás da charrua. Cantarola uma teenager pousando a mala dos vidros. Pedro Mestre é o legado de Manuel Bento tocador exímio, mestre na arte de dedilhar em toda a campaniça. Noiva de amor antigo, o cante ao baldão, que rejuvenesce para gáudio de todos nós.
O que Manuel Bento é agora Pedro Mestre. Acresce o talento porque Pedro está a iniciar um caminho que o levará para os outros caminhos. É construtor de violas. É ensaiador de grupos corais. Vive da viola campaniça e para a viola campaniça. Vamos em breve ouvir falar dele em particular. Nesta ilha dos vidros canta a duas vozes e assobia. É uma experiência que provoca a linha purista da tradição. É uma tentativa de levar a viola e as modas campaniças para um patamar de maior audição. Uma tentativa para que outros Pedros Mestres entrem em contacto com a viola. Iremos amplificá-la para que peça meças a outras violas e conquiste assim a atenção de potenciais tocadores. Para onde irá não se sabe. É chegado o tempo de a colocar noutras mãos e noutros ambientes. Aqui está uma tentativa. O público que ainda desconhece o mundo da viola e das modas campaniças vai ouvir novidade. E a novidade é boa. Pedro, Márcio, Celina, Lucinda e Evangelina. Deram o seu melhor para este CD. Agradecem a todos os que ouvirem.
José Luís Jones
Grupo Violas Campaniças:

A viola campaniça apesar de antigamente expandir-se por quase todo o Baixo Alentejo, hoje em dia é um instrumento praticamente desaparecido do universo da música tradicional portuguesa, circunscrevendo-se somente a dois ou três concelhos e a meia dúzia de tocadores.
Actualmente, este instrumento musical é utilizado para acompanhar modas cantadas, por duas ou três vozes, mas outrora acompanhava corais e modas de baile.
Actualmente o Grupo musical Viola Campaniça constituído por cinco elementos, dois tocadores (Pedro Mestre e Márcio Isidro) e três vozes (Lucinda Mestre, Evangelina Torres e Celina Piedade) e tendo como responsável o Pedro Mestre, constitui um dos grupos musicais, senão o único, que mais contribui para a divulgação, quer a nível nacional quer a nível internacional, deste instrumento musical e, consequentemente, para a sua preservação.


Viola Campaniça
A viola popular portuguesa chegou até aos nossos dias sob várias formas e denominações: braguesa, ramaldeira, amarantina, toeira, de arame, da terra e, no sul do país, campaniça.
Descendente da viola barroca, a viola popular portuguesa chegou até nós com cinco cordas duplas. No Baixo Alentejo tomou o nome característico de viola campaniça. A origem do nome vem, inquestionavelmente, da sua radicação na zona do “Campo Branco”, geograficamente situada na região que compreende os concelhos de Aljustrel, Ourique, Castro Verde, Almodôvar e parte do concelho de Odemira.
Na primeira metade da década de 80, ocorreu uma investigação sobre a viola campaniça. Aquando da sua fase exploratória, verificou-se que os tocadores deste instrumento musical já estavam todos em idade avançada, entre os quais é de destacar: Manuel Bento (Funcheira) e Francisco António (Ourique-Gare).
No entanto, nos finais da década de noventa, gerou-se um movimento de renascimento e entusiasmo em torno da viola campaniça, o que veio a causar o surgimento de jovens tocadores do instrumento, entre os quais Pedro Mestre.


Pedro Mestre é natural da localidade Aldeia de Sete, concelho de Castro Verde, localidade onde ainda reside. Desde pequeno que nutre um enorme gosto pela música tradicional alentejana, devido ao facto de ouvir a sua mãe cantar modas alentejanas. Posto isto, entrou aos 10 anos para o Coral Infantil “Os Carapinhas” e, aos 12 anos, aprendeu a tocar viola campaniça com o mestre Francisco António (mais conhecido por Chico Bailão). Aos 13 anos ingressou no Coral Masculino “Os Ganhões” e um ano mais tarde assumiu o cargo de Mestre Ensaiador do mesmo grupo.
Em 2001, foi fundador de dois grupos corais da freguesia de Santa Bárbara de Padrões: Grupo Coral e Etnográfico “Os Cardadores” e Grupo Coral e Etnográfico “As Papoilas”, sendo também o mestre Ensaiador dos mesmos. Em 2002, assume o lugar do seu mestre – Chico Bailão –, dando continuidade ao Grupo de Violas Campaniças de Castro Verde, no qual fica a tocar com o mestre Manuel Bento. Neste ano também se dedica à construção de Violas Campaniças, que aprendeu a construir com o artesão Amílcar Silva. Em 2003, fundou, na Aldeia da Sete, a Associação de Cante Alentejano “Os Cardadores, com o objectivo de preservar os usos e costumes do concelho de Castro Verde. Neste ano e, em 2004, foi formador na Escola/Oficina de Violas Campaniças, dinamizada pela Cortiçol – Cooperativa de Informação e Cultura de Castro Verde. Em 2007 foi participação especial no espectáculo multicultural, “O Homem que À Terra Canta”, no IV Encontro de Culturas de Serpa (Portugal), que reuniu artistas de Portugal, Brasil, Espanha e Cabo Verde. Em 2007 lançou ao lado do Violeiro do Brasil Chico Lobo o Cd 'Encontro de Violas – Viola Campaniça e Viola Caipira" – trabalho inédito no mundo e que demonstra como duas culturas podem interagir pelas cordas das violas"

Nos anos lectivos 06/07 e 07/08 foi animador de música tradicional/cante alentejano, na disciplina de música tradicional/cante Alentejano nos quatro anos de escolaridade dos alunos das escolas do 1º ciclo do ensino básico, do concelho de Almodôvar.
Pedro Mestre já editou vários trabalhos de grupos corais, dos quais é Mestre e mantém actualmente como ninguém a tradição do toque da viola campaniça, efectuando espectáculos por todo o País e no estrangeiro. Para além disto, também é artesão e preside uma das maiores associações do concelho de Castro Verde, a ACA Os Cardadores.
Actualmente, Pedro Mestre apresenta a viola campaniça em três formas: uma com o Grupo de Violas Campaniças, acompanhado de vozes femininas, outra acompanhando improvisadores do cante de despique e baldão e, outra ainda, apresentado modas campaniças a solo, acompanhado por outros instrumentos (viola ritmo, viola baixo e precursão).


Grupo Coral e Etnográfico “As Papoilas”


O Grupo Coral Feminino e Etnográfico “As Papoilas” foi fundado em Junho de 2001 por um grupo de amigas que cantavam em tempo de festas e bailes tradicionais e até mesmo em excursões organizadas por o mesmo grupo de amigas.
A escolha do nome do grupo (“As Papoilas”) deve-se ao facto de no Alentejo haver muitas papoilas, que, por sua vez, é uma planta que embeleza as planícies alentejanas na Primavera.
No início começaram só por ser um Grupo Coral e cantavam modas tradicionais de bailes de rodas, mas depois perceberam que necessitavam de um ensaiador que as organizasse e convidaram o mesmo do outro grupo coral da freguesia. Foi nessa época que se juntaram à Associação de Cante Alentejano da freguesia e decidiram passar a denominar-se Grupo Coral e Etnográfico.
Devido a esta situação, o Grupo passou a usar farda (uma farda de trabalho do campo, da ceifa e da moda – saia preta, camisa branca e lenço encarnado) e a cantar modas do cancioneiro tradicional.
O Grupo tem participado em vários encontros de grupos corais, festas e romarias de todo o Alentejo, Algarve e até da área de Lisboa.
Aquando do aniversário do Grupo, organiza-se um encontro de grupos corais, proporcionado pela Associação de Cante Alentejano “Os Cardadores”.
Associação de Cante Alentejano “Os Cardadores”

A Associação de Cante Alentejano “ Os Cardadores” (com sede no largo do Centro, nº 3 Aldeia da Sete, Freguesia de Santa Bárbara e Concelho de Castro verde), foi fundada a 06 de Abril de 2004, com o objectivo de preservar e divulgar o Cante Alentejano, assim como os usos e costumes do concelho de Castro verde; manter em funcionamento grupos corais de Cante Alentejano; promover acções por sua iniciativa ou colaborar com outras entidades, com vista à referida preservação e divulgação do Cante Alentejano.
A Associação nasceu do grupo Coral e Etnográfico “ Os Cardadores” foram os seus membros que fizeram com que o grupo que existia na Aldeia se constituísse com a Associação.
Posteriormente, a associação passou a dar cobertura a mais dois grupos existentes na nossa Freguesia, o grupo Coral Feminino “ As Papoilas “ e o grupo de “ Violas Campaniças “.
A Associação tem desenvolvido várias iniciativas de desenvolvimento cultural com os espectáculos no concelho e participado em outros eventos por todo o País, com a participação dos seus três grupos.
A Associação tenciona desenvolver as seguintes actividades:
§ Dinamizar o Centro de Convívio e Cultural da Sete, dando assim resposta ás preocupações manifestadas pela Junta de Freguesia de Santa Barbara dos Padrões e pela Câmara Municipal de Castro Verde, bem como, da população residente.
§ Manutenção dos Grupos Corais da Freguesia (o Grupo Coral e Etnográfico “Os Cardadores”, o Grupo Coral Feminino e Etnográfico “ As Papoilas “ e o Grupo de “Violas Campaniças”);
§ Dinamização de actividades culturais ligadas com a tradição (como por exemplo, workshops e exposições);
§ Dinamização uma Oficina de Construção de Viola Campaniça, integrando o projecto de artesanato de Castro Verde, com o objectivo de aproveitar as condições logísticas já reunidas pela Câmara aquando da parceria com outras instituições.
§ Edição de cd’s dos três que fazem parte da Associação e de livros de poesia feita por poetas da nossa terra, de modo a promover a cultura local.
§ Recolha de peças tradicionais (utensílios domésticos, laborais e domésticos), com o objectivo de dar a conhecer algumas tradições, usos e costumes que foram das nossas gentes.

Nota:
A Associação vai editar no inicio do próximo ano um cd por cada grupo, então seria o nosso objectivo fazer no vosso programa,” Portugal no Coração” a apresentação desses novos trabalhos de musica tradicional alentejana, que quando esses trabalhos saírem ao publico temos a certeza que o cante tradicional alentejano nunca mais será o mesmo e vai ser uma mais valia para o Alentejo e seus grupos.
Nós tentamos fazer com que as modas tradicionais do cancioneiro passem a ser cantadas de forma tradicional mas acompanhadas com alguns sons de instrumentos tradicionais que se enquadram muito bem na forma de cantar á Alentejana.
Juntando assim várias culturas e várias tradições da musica tradicional do nosso pais e do mundo.

Grupo Coral e Etnográfico “Os Cardadores”

O Grupo Coral e Etnográfico “Os Cardadores” foi fundado a 16 de Março de 2001, com o objectivo de envolver a população da aldeia na realização de eventos culturais.
Na primeira reunião compareceram pessoas de ambos os sexos, mas como era difícil enquadrar o tom de voz das mulheres como o tom de voz dos homens, optou-se por um grupo só com elementos masculinos.
A denominação “Os Cardadores” (homens que a seguir à tosquia, entre a monda e a ceifa, tratavam da lã, cardavam-na às pastas e faziam os arrátes, que depois passavam para as mãos sábias das tecedeiras, que teciam as mantas tradicionais), deve-se ao facto de, antigamente, cerca de 90% da aldeia da Sete trabalhar a lã (os homens cardavam para as suas mulheres tecerem as mantas para depois vender na Feira de Castro).
Relativamente à sua farda, esta é de cotim castanho, calça de trabalho, camisa de riscado das ceroulas com peitilho e presilha para abotoar o botão das ceroulas aberta até ao meio e sem colarinho, colete de pano e riscado, blusa aberta com bolsos e colarinho, lenço quadrejado castanho, chapéu preto alentejano de aba larga, bota de vitela e de sola batida tradicional.
Actualmente, o grupo é composto por 26 elementos e tem um reportório de 35 modas, todas do Cancioneiro tradicional e cânticos religiosos (cante ao menino, janeiras, reis e cante para pedir chuva).
Editou-se um cd em Julho de 2003, com 12 temas (10 modas do Cancioneiro tradicional, cante ao menino e Oração das Almas, a que se denominou por “Moda dos Cardadores”).

09/01/2008

Pedro Mestre,
É natural da localidade Aldeia de Sete, concelho de Castro Verde, localidade onde ainda reside. Desde pequeno que nutre um enorme gosto pela música tradicional alentejana, devido ao facto de ouvir a sua mãe cantar modas alentejanas. Posto isto, entrou aos 10 anos para o Coral Infantil “Os Carapinhas” e, aos 12 anos, aprendeu a tocar viola campaniça com o mestre Francisco António (mais conhecido por Chico Bailão). Aos 13 anos ingressou no Coral Masculino “Os Ganhões” e um ano mais tarde assumiu o cargo de Mestre Ensaiador do mesmo grupo.
Em 2001, foi fundador de dois grupos corais da freguesia de Santa Bárbara de Padrões: Grupo Coral e Etnográfico “Os Cardadores” e Grupo Coral e Etnográfico “As Papoilas”, sendo também o mestre Ensaiador dos mesmos. Em 2002, assume o lugar do seu mestre – Chico Bailão –, dando continuidade ao Grupo de Violas Campaniças de Castro Verde, no qual fica a tocar com o mestre Manuel Bento. Neste ano também se dedica à construção de Violas Campaniças, que aprendeu a construir com o artesão Amílcar Silva. Em 2003, fundou, na Aldeia da Sete, a Associação de Cante Alentejano “Os Cardadores, com o objectivo de preservar os usos e costumes do concelho de Castro Verde. Neste ano e, em 2004, foi formador na Escola/Oficina de Violas Campaniças, dinamizada pela Cortiçol – Cooperativa de Informação e Cultura de Castro Verde. Em 2007 foi participação especial no espectáculo multicultural, “O Homem que À Terra Canta”, no IV Encontro de Culturas de Serpa (Portugal), que reuniu artistas de Portugal, Brasil, Espanha e Cabo Verde. Em 2007 lançou ao lado do Violeiro do Brasil Chico Lobo o Cd 'Encontro de Violas – Viola Campaniça e Viola Caipira" – trabalho inédito no mundo e que demonstra como duas culturas podem interagir pelas cordas das violas"

Nos anos lectivos 06/07 e 07/08 foi animador de música tradicional/cante alentejano, na disciplina de música tradicional/cante Alentejano nos quatro anos de escolaridade dos alunos das escolas do 1º ciclo do ensino básico, do concelho de Almodôvar.
Pedro Mestre já editou vários trabalhos de grupos corais, dos quais é Mestre e mantém actualmente como ninguém a tradição do toque da viola campaniça, efectuando espectáculos por todo o País e no estrangeiro. Para além disto, também é artesão e preside uma das maiores associações do concelho de Castro Verde, a ACA Os Cardadores.
Actualmente, Pedro Mestre apresenta a viola campaniça em três formas: uma com o Grupo de Violas Campaniças, acompanhado de vozes femininas, outra acompanhando improvisadores do cante de despique e baldão e, outra ainda, apresentado modas campaniças a solo, acompanhado por outros instrumentos (viola ritmo, viola baixo e precursão).