Vozes, violas e guitarras inauguraram produção da "enRede"
"O homem que á terra canta"
Fundada no dia 9 de Junho de 2006 em Serpa, a "enRede" já deu frutos. O mais visível foi o espectáculo multicultural, estreado em 2007 na cidade fundadora, "O Homem que à Terra Canta – vozes, violas e guitarras".
Inspirado na relação do homem com a terra – relação de trabalho, de vida, de comunhão ecológica – o espectáculo baseou-se em instrumentos de cordas, tendo juntado sete tocadores de quatro países, dois percussionistas de Portugal e Espanha, as vozes de uma fadista portuguesa e de uma intérprete brasileira, uma bailarina espanhola e o grupo coral "Os Cantadores de Aldeia Nova de São Bento".
Inserido no IV Encontro de Culturas de Serpa foi produzido pela câmara anfitriã e teve a direcção artística do "violeiro caipira" brasileiro Chico Lobo que, juntamente com o serpense Armando Torrão, foi compondo originais, arranjando temas dos vários países, colocando as culturas em diálogo. O processo demorou semanas e foi ganhando forma à medida que os músicos iam chegando a Serpa. Quando espectáculo surgiu no palco da Praça da República de Serpa era já um grupo de amigos que se apresentava – a música juntara-os, a cultura mostrava como é possível os povos unirem-se. O público, que lotava a magnífica sala de visitas do município, para além de ter assistido a um espectáculo de grande qualidade, percebeu que entre as cordas daquelas violas de Cabo Verde, Portugal, Brasil e Espanha havia muitas coisas em comum – a terra que inspirara os sons era, apesar das fronteiras e mares que os separam, a mesma. A aposta estava ganha.
O espectáculo viajaria no final de 2007 para São João del Rei, membro brasileiro da "enRede" que nesse ano foi Capital Brasileira da Cultura, e a sua plateia reagiu da mesma maneira: aplaudiu a qualidade dos músicos, surpreendeu-se com a vozes alentejanas, emocionou-se com a amizade entre os artistas, no fundo experimentou esse conceito abstracto de fraternidade entre povos. Vila Nova de São Bento e Almodôvar foram os locais que, já neste mês, se encantaram com "O Homem que à Terra Canta".
O próxima realização colectiva será em Caminha – outro município fundador desta rede cultural – já com um espectáculo diferente.
O HOMEM QUE À TERRA CANTA
O primeiro espectáculo, apresentado a 7 de Junho, em Serpa, tinha os seguintes integrantes, muitos dos quais se mantiveram nas apresentações seguintes:
Chico Lobo – viola caipira (São João del Rei – Brasil)
Armando Torrão – guitarra portuguesa(Serpa)
Juan Ramirez – guitarra flamenca(Punta Umbria – Espanha)
Sérgio Figueira – guitarra clássica(São Vicente – Cabo Verde)
Paulo Henrique – violão(Itabira – Brasil)
Pedro Mestre – viola campaniça(Castro Verde – participação especial)
Norton Daiello – baixo eléctrico(Brasil – convidado)
Israel Carrasco – percussão(Punta Umbria – Espanha)
Luís Melgueira(Beja – convidado)
Fernanda Oliveira – voz(Serpa)
Renata Araújo – voz(Itabira – Brasil)
Ana Castilla – bailarina (Cortegana – Espanha)
Grupo Coral Os Cantadoresde Aldeia Nova de São Bento
Direcção geral
Rui Espiga (Câmara Municipal de Serpa)
Direcção artística
Chico Lobo(São João del Rei – Brasil)
Produção
Câmara Municipal de Serpa
23/05/2008 - 11h00
Rede Internacional de Municípios pela Cultura Experiência solidária de desenvolvimento global
O município de Serpa tem-se evidenciado por intensos e diversificados eventos culturais, em especial nas áreas do teatro e da música. Enquanto a companhia de teatro profissional Baal 17 e os amadores do Teatro Experimental de Pias têm sido responsáveis pela organização dos principais festivais de teatro – com particular relevo para as Noites na Nora – a câmara municipal é a promotora da quase totalidade dos espectáculos musicais. É habitual verem-se em Serpa não só os principais intérpretes nacionais mas também grandes nomes da música internacional, especialmente de expressão portuguesa. Cesária Évora, Elomar, Carlinhos Brown, Chico César, Tito Paris, Valdemar Bastos, entre muitos outros, apresentaram-se nos anos mais recentes e esta temporada ainda virão Gilberto Gil, Bonga e Lura, por exemplo. Mas, para além dos consagrados, o público de Serpa tem tido oportunidade de assistir a surpreendentes espectáculos de grupos pouco ou nada conhecidos dos portugueses, tais como os dançarinos peruanos do município de Ate, o grupo folclórico brasileiro de Minas Gerais, Tumbaitá, o "violeiro" Chico Lobo ou o músico Saldanha Rolim e muitos outros. Este numeroso contingente de artistas que não fazem parte dos grandes circuitos do show business, e que se estende também à poesia, artes plásticas, teatro, dança, constitui, aliás, a aposta mais inovadora do município, que pretende fazer da cultura o seu modelo de desenvolvimento.
A apresentação destes artistas, que proporciona espectáculos de qualidade e diversidade culturais, assenta, em boa medida, nas relações de amizade e cooperação que Serpa mantém com inúmeras cidades de diversas partes do Mundo. Os músicos, poetas e dançarinos são, acima de tudo, embaixadores dos seus municípios e das suas regiões, deslocando-se numa lógica de intercâmbio que dispensa o anfitrião, na maioria dos casos, do pagamento de cachets, limitando-se a oferecer a boa cama, mesa e simpatia característicos dos povos que gostam de receber.
Foi neste contexto de cooperação solidária, praticado pelo município há vários anos, que as relações entre as cidades se formalizaram, fundando-se, em Junho de 2006, em Serpa, a "enRede – Rede Internacional de Municípios pela Cultura". O acordo foi firmado por autoridades municipais de Portugal, Brasil, Espanha, Cabo Verde, Guatemala e Bulgária e já deu frutos.
23/05/2008 - 11h01
“enRede”
Os municípios que, a 9 de Junho de 2006, fundaram a Rede Internacional de Municípios pela Cultura foram os seguintes:
Portugal: Serpa, Beja, Vila Nova de Famalicão, Caminha e Palmela. Brasil: Itabira, Santa Bárbara, São João del Rei, Congonhas, Itabirito, Ouro Preto, Olinda e Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais. Espanha: Punta Umbria e Cortegana. Cabo Verde: São Vicente. Guatemala: Patzun e San Bartolomé de Milpas Altas. Bulgária: Pravets. No acto da fundação foi assinado uma carta de princípios, que tem como objectivo "criar formas eficazes e duradouras de sistematizar intercâmbios e parcerias capazes de enriquecer uma ideia global de que a cultura é veículo prioritário de desenvolvimento, de entendimento e de paz, assente no reforço de um imenso conjunto de acções locais". O documento pode ser consultado na íntegra no sítio da rede na internet, em http://www.enrede.org/.
Fundada no dia 9 de Junho de 2006 em Serpa, a "enRede" já deu frutos. O mais visível foi o espectáculo multicultural, estreado em 2007 na cidade fundadora, "O Homem que à Terra Canta – vozes, violas e guitarras".
Inspirado na relação do homem com a terra – relação de trabalho, de vida, de comunhão ecológica – o espectáculo baseou-se em instrumentos de cordas, tendo juntado sete tocadores de quatro países, dois percussionistas de Portugal e Espanha, as vozes de uma fadista portuguesa e de uma intérprete brasileira, uma bailarina espanhola e o grupo coral "Os Cantadores de Aldeia Nova de São Bento".
Inserido no IV Encontro de Culturas de Serpa foi produzido pela câmara anfitriã e teve a direcção artística do "violeiro caipira" brasileiro Chico Lobo que, juntamente com o serpense Armando Torrão, foi compondo originais, arranjando temas dos vários países, colocando as culturas em diálogo. O processo demorou semanas e foi ganhando forma à medida que os músicos iam chegando a Serpa. Quando espectáculo surgiu no palco da Praça da República de Serpa era já um grupo de amigos que se apresentava – a música juntara-os, a cultura mostrava como é possível os povos unirem-se. O público, que lotava a magnífica sala de visitas do município, para além de ter assistido a um espectáculo de grande qualidade, percebeu que entre as cordas daquelas violas de Cabo Verde, Portugal, Brasil e Espanha havia muitas coisas em comum – a terra que inspirara os sons era, apesar das fronteiras e mares que os separam, a mesma. A aposta estava ganha.
O espectáculo viajaria no final de 2007 para São João del Rei, membro brasileiro da "enRede" que nesse ano foi Capital Brasileira da Cultura, e a sua plateia reagiu da mesma maneira: aplaudiu a qualidade dos músicos, surpreendeu-se com a vozes alentejanas, emocionou-se com a amizade entre os artistas, no fundo experimentou esse conceito abstracto de fraternidade entre povos. Vila Nova de São Bento e Almodôvar foram os locais que, já neste mês, se encantaram com "O Homem que à Terra Canta".
O próxima realização colectiva será em Caminha – outro município fundador desta rede cultural – já com um espectáculo diferente.
O HOMEM QUE À TERRA CANTA
O primeiro espectáculo, apresentado a 7 de Junho, em Serpa, tinha os seguintes integrantes, muitos dos quais se mantiveram nas apresentações seguintes:
Chico Lobo – viola caipira (São João del Rei – Brasil)
Armando Torrão – guitarra portuguesa(Serpa)
Juan Ramirez – guitarra flamenca(Punta Umbria – Espanha)
Sérgio Figueira – guitarra clássica(São Vicente – Cabo Verde)
Paulo Henrique – violão(Itabira – Brasil)
Pedro Mestre – viola campaniça(Castro Verde – participação especial)
Norton Daiello – baixo eléctrico(Brasil – convidado)
Israel Carrasco – percussão(Punta Umbria – Espanha)
Luís Melgueira(Beja – convidado)
Fernanda Oliveira – voz(Serpa)
Renata Araújo – voz(Itabira – Brasil)
Ana Castilla – bailarina (Cortegana – Espanha)
Grupo Coral Os Cantadoresde Aldeia Nova de São Bento
Direcção geral
Rui Espiga (Câmara Municipal de Serpa)
Direcção artística
Chico Lobo(São João del Rei – Brasil)
Produção
Câmara Municipal de Serpa
23/05/2008 - 11h00
Rede Internacional de Municípios pela Cultura Experiência solidária de desenvolvimento global
O município de Serpa tem-se evidenciado por intensos e diversificados eventos culturais, em especial nas áreas do teatro e da música. Enquanto a companhia de teatro profissional Baal 17 e os amadores do Teatro Experimental de Pias têm sido responsáveis pela organização dos principais festivais de teatro – com particular relevo para as Noites na Nora – a câmara municipal é a promotora da quase totalidade dos espectáculos musicais. É habitual verem-se em Serpa não só os principais intérpretes nacionais mas também grandes nomes da música internacional, especialmente de expressão portuguesa. Cesária Évora, Elomar, Carlinhos Brown, Chico César, Tito Paris, Valdemar Bastos, entre muitos outros, apresentaram-se nos anos mais recentes e esta temporada ainda virão Gilberto Gil, Bonga e Lura, por exemplo. Mas, para além dos consagrados, o público de Serpa tem tido oportunidade de assistir a surpreendentes espectáculos de grupos pouco ou nada conhecidos dos portugueses, tais como os dançarinos peruanos do município de Ate, o grupo folclórico brasileiro de Minas Gerais, Tumbaitá, o "violeiro" Chico Lobo ou o músico Saldanha Rolim e muitos outros. Este numeroso contingente de artistas que não fazem parte dos grandes circuitos do show business, e que se estende também à poesia, artes plásticas, teatro, dança, constitui, aliás, a aposta mais inovadora do município, que pretende fazer da cultura o seu modelo de desenvolvimento.
A apresentação destes artistas, que proporciona espectáculos de qualidade e diversidade culturais, assenta, em boa medida, nas relações de amizade e cooperação que Serpa mantém com inúmeras cidades de diversas partes do Mundo. Os músicos, poetas e dançarinos são, acima de tudo, embaixadores dos seus municípios e das suas regiões, deslocando-se numa lógica de intercâmbio que dispensa o anfitrião, na maioria dos casos, do pagamento de cachets, limitando-se a oferecer a boa cama, mesa e simpatia característicos dos povos que gostam de receber.
Foi neste contexto de cooperação solidária, praticado pelo município há vários anos, que as relações entre as cidades se formalizaram, fundando-se, em Junho de 2006, em Serpa, a "enRede – Rede Internacional de Municípios pela Cultura". O acordo foi firmado por autoridades municipais de Portugal, Brasil, Espanha, Cabo Verde, Guatemala e Bulgária e já deu frutos.
23/05/2008 - 11h01
“enRede”
Os municípios que, a 9 de Junho de 2006, fundaram a Rede Internacional de Municípios pela Cultura foram os seguintes:
Portugal: Serpa, Beja, Vila Nova de Famalicão, Caminha e Palmela. Brasil: Itabira, Santa Bárbara, São João del Rei, Congonhas, Itabirito, Ouro Preto, Olinda e Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais. Espanha: Punta Umbria e Cortegana. Cabo Verde: São Vicente. Guatemala: Patzun e San Bartolomé de Milpas Altas. Bulgária: Pravets. No acto da fundação foi assinado uma carta de princípios, que tem como objectivo "criar formas eficazes e duradouras de sistematizar intercâmbios e parcerias capazes de enriquecer uma ideia global de que a cultura é veículo prioritário de desenvolvimento, de entendimento e de paz, assente no reforço de um imenso conjunto de acções locais". O documento pode ser consultado na íntegra no sítio da rede na internet, em http://www.enrede.org/.
(Diário do Alentejo 23 de Maio de 2008)
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